Ferrenho defensor da candidatura de Eduardo Botelho pelo União Brasil, o deputado Júlio Campos afirma que o clima no partido é muito favorável a um racha. E isso não só pela insistência do "núcleo duro" do governo em apoiar Fábio Garcia como candidato a prefeito de Cuiabá, em detrimento de Botelho e apesar do resultado de pesquisas quantitativas, mas também pelo desconforto criado com Dilmar Dal Bosco, que já avalia sua migração para o PRD.
"Estamos conversando, não há uma decisão final, mas que o ambiente é favorável a um possível racha no União Brasil, isso é", disse sobre a possibilidade de acompanhar Dilmar para a nova legenda.
O deputado afirma ainda que estão todos liberados para deixarem a sigla sem nenhuma contestação na justiça eleitoral.
"Em abril, quando foi montado o novo diretório regional atual, foi decidido e autorizado pela comissão executiva provisória que qualquer político que quisesse deixar o partido teria plena condições de deixar, sem nenhuma contestação junto à justiça eleitoral", lembra.
Mesmo com o clima de desunião, os apoiadores do presidente da Assembleia vão 'lutar até o fim' pela permanência dele no partido e pela candidatura. Júlio, porém, reconhece a dificuldade de convencer Garcia a abdicar do projeto eleitoral.
"Não é fácil, né? Os incentivos que ele [Fábio] tem recebido do núcleo duro do poder atual do Estado não dá essa flexibilidade para ele entender que não é o momento da sua disputa, que não é a sua vez, mas sim do deputado Eduardo Botelho", disse Júlio ao ser questionado sobre a possibilidade de alto índice de rejeição enfrentado por Fábio nas pesquisas eleitoral não seria um ponto a favor do seu recuo.
Júlio não especificou quem faz parte desse "núcleo duro". O União é presidido pelo governador Mauro Mendes, que em seu histórico passou pelo PR e PSB, onde também enfrentou dificuldades de relacionamento.
O deputado admitiu uma relação desgastada dentro do partido e, segundo ele, entre os deputados há o sentimento de falta de autonomia, o que ocorreu com Dilmar e o forçou a renunciar ao cargo de secretário-geral do União.
"É verdade, veja bem: para você montar uma comissão provisória em um município em que você tem base forte é uma dificuldade muito grande. O TSE exige uma senha para acessar o sistema e ao invés de ela fica com o secretário-geral, que é o homem encarregado do partido, ficou na mão do tesoureiro do partido. Tesouraria é assunto financeiro e secretaria-geral é que organiza o partido. E o Dilmar abandonou o cargo, que está vago", comentou. Responde como tesoureiro o presidente da Companhia Mato-grossense de Gás (MT-Gás), Aécio Rodrigues.